sábado, 4 de junho de 2011

A Imperatriz é um mar de fiéis



E foi com um “mar de fiéis” que a Imperatriz está no topo da nossa lista de Melhor Samba Enredo da Década 2000/2010. Um ano que não teve samba enredo que o superasse: em poder do melhor samba daquele, a Imperatriz entrou na avenida com muita força, muita garra e com muita vontade de levantar a taça de campeã do carnaval carioca, fato que não se consumou, conquistou apenas o oitavo lugar, lugar tão desmerecido para um samba enredo excelente. Mostrou-se grandiosa do início ao fim, enfrentou problemas com o abre-alas, muitos criticaram a plástica das alegorias que o carnavalesco Max Lopes, que retornava a Imperatriz, pensou e desenvolveu no enredo, mas ninguém, eu disse ninguém, criticou ou não gostou do samba enredo, uma obra-prima da música que entrou para a História do Carnaval Carioca.


A imperatriz é um mar de fiéis
No altar do samba, em oração
É o Brasil de todos os deuses!
De paz, amor e união...


O refrão principal transbordava energia: a oração começa. O compromisso de falar das diversas religiões cultuadas no Brasil juntamente com o amor ao pavilhão da escola demonstrou logo no início a perfeição que se propaga ao longo do samba. O canto da comunidade era de emocionar, todos cantavam e vibravam num coral de música sacra envolvente. Jeferson Lima, Flavinho, Gil Branco, Me Leva e Guga merecem todos os aplausos e vivas: o samba é realmente emocionante, lembro-me da primeira vez que o ouvi e fiquei pasmo, meditando nesta linda poesia.

Terra abençoada!
Morada divinal
Brilha a coroa sagrada
Reina Tupã, no carnaval...


E a oração continua, agora contando a História do Brasil através das religiões. A melodia não perde a sua linearidade e começa o show de empolgação. O samba na Sapucaí ganhou uma força e brilhou na voz da comunidade; uma melodia forte, acompanhada de sutileza nas terminações dos versos; uma poesia pra não colocar defeitos, pois se trata da letra mais completa que eu já pude acompanhar nessa década.

Viu nascer a devoção em cada amanhecer
Viu brilhar a imensidão de cada olhar
Num país da cor da miscigenação
De tanto Deus, tanta religião
Pro povo, feliz, cultuar


A oração se que se configurava até o momento e se transforma em peregrinação: a melodia se prepara muito bem e de maneira eficiente para adentrar no refrão do meio. Logo, os versos rápidos, juntam-se a melodia e a oração ganha o gingado do samba. E como mestre Marcone explorou esta parte do samba, suas paradinhas e bossas contemplavam o verdadeiro espetáculo, a bateria nota 10 estremecia a Sapucaí, e todos não paravam de cantar.
“O índio dançou, em adoração
O branco rezou na cruz do cristão
O negro louvou os seus orixás
A luz de Deus é a chama da paz


E continua a peregrinação: a segunda estrofe do samba nos dá a impressão que foi feita para ser cantada em procissão, é linda e grandiosa. A história vai sendo contada, misturada a religião até explodir nos versos Oh, deus pai! Iluminai o novo dia/ Guiai ao divino destino/ Seus peregrinos em harmonia, e não perde a linha. É fascinante e vibrante. O homem pede em oração o seu desejo de viver em harmonia e com esperança. A imperatriz levava para a avenida os seus peregrinos fiéis e contagiava aos espectadores da Sapucaí, convocando-os a entoar o canto de fé.


E sob as bênçãos do céu
E o véu do luar
Navegaram imigrantes
De tão distante, pra semear
Traços de tradições, laços das religiões

A peregrinação dos fiéis foliões da Imperatriz consagra-se: o samba entra em seu encerramento de forma esplendorosa. A explosão do canto dos componentes nesta parte remetia a perfeição e o andamento linear da melodia. Incomparavelmente, aquele canto, o coral da Imperatriz Leopoldinense, não foi superado por nenhuma outra agremiação, pois o samba era muito fácil, caiu muito bem na “boca do povo”, levantou a Sapucaí, e contemplou a sua oração, o seu samba enredo.  


Oh, deus pai! Iluminai o novo dia
Guiai ao divino destino
Seus peregrinos em harmonia

A fé enche a vida de esperança
Na infinita aliança
Traz confiança ao caminhar
E a gente romeira, valente e festeira

Segue a acreditar...



E com este samba completo e perfeito, que os componentes da verde e branco de Ramos cantar em procissão, a Imperatriz Leopoldinense é a primeira colocada, ou seja, possui o Melhor Samba da Década. Samba que ganhou o Estandarte de Ouro de 2010 do Jornal “O Globo”, aqui no SQI foi também o grande campeão. Parabéns aos compositores, parabéns as Imperatriz Leopoldinense.










sexta-feira, 3 de junho de 2011

Vem no Tambor da Academia


“Tambor”. Simplesmente tambor. Este foi o enredo que a Acadêmicos do Salgueiro levou para a Marquês de Sapucaí em 2009. Simples só no nome por que o carnaval daquele ano era considerado como o “carnaval da crise”; a crise financeira prejudicou muito os desfiles das escolas de samba, mas o Salgueiro não transpareceu esta realidade. Renato Lage, carnavalesco da escola, fez um grandioso carnaval a partir de um enredo aparentemente simples, que muitos não deram credibilidade, muito menos pensavam que era o enredo que faria o Salgueiro gritar, depois de dezesseis anos, É Campeão! Um enredo que mostrou riqueza e revelou que um instrumento tão simples pode virar enredo e levar o campeonato. A sabedoria popular do setor 1 se arrepiou e deu o seu veredito: é campeão, assim que o abre-alas entrou na avenida. Ala a ala, carro a carro, era uma surpresa e emoção que levantava a galera para esticar o corpo e ver o show que a escola apresentava. Um samba que me faltam até palavras que tentarei expressar com a emoção que sentir assim que o ouvir pela primeira vez.

Vem no tambor da Academia
Que a furiosa bateria... Vai te arrepiar!
Repique, tamborim, surdo, caixa e pandeiro,
Salve os mestres do Salgueiro!”
 

Confesso: assim que ouvi o samba ainda nas eliminatórias eu já considerava como o melhor samba daquele ano e por que não, da escola. Também já imaginava o que o Salgueiro iria fazer na avenida. Um refrão que chamava a multidão pra cantar junto com a bateria, ligação que a sinopse pedia e que os compositores Moisés Santiago, Paulo Shell, Leandro Costa e Tatiana Leite cumpriram muito bem. A sinopse estava no samba e o samba estava na sinopse: tratava-se de um dos sambas mais completos já ouvidos na Sapucaí. A poesia que o Renato trouxe no enredo foi detectada no samba enredo, que tinha uma letra bem feita, harmoniosa, envolvente, acompanhando a melodia sem cometer erros e exageros.

O som do meu tambor ecoa... Ecoa pelo ar!
E faz o meu coração com emoção... Pulsar!
Invade a alma... Alucina

 
É vida, força e vibração! Vai meu Salgueiro... Salgueiro
Esquenta o couro da paixão!”

A primeira estrofe lembrava muito bem e com muita clareza o enredo, juntando a isso o início do desfile, o Salgueiro mostrou o que é um desfile auto-explicativo e impressionou o público presente. A harmonia da letra com as alegorias e as alas proporcionou aos espectadores um espetáculo de arrepiar, fazendo daquele desfile o mais grandioso daquele ano. A escola foi a segunda a desfilar e quem a sucedeu tinha a missão de superá-la, afinal, o samba era tão “quente” que as mais de 4.000 vozes salgueirense entoaram o samba com tanta força que não tinha quem não cantasse junto. Os primeiros versos “arrebentavam”: a riqueza poética é tão grande que a escola que me emociona qualquer folião, qualquer amante do carnaval e o som dos seus tambores.   

Ressoou da natureza... Primitiva comunicação!
Da África... Dos nossos ancestrais
Dos deuses... Nos toques rituais





Nas civilizações... Cultura
Arte, mito, crença e cura!

A melodia tem uma levada de samba de roda, na palma da mão, e o show que a Bateria Furiosa de mestre Marcão deu foi imprescindível. Não deixou o samba cair, não perdeu o compasso e não atravessou o tempo na melodia. A preparação que ocorre para a entrada do refrão do meio é bem trabalhada: os compositores não deixaram o samba se perder, nem perder sua força e fizeram mais um refrão forte, empolgante, contagiando a todo público presente.  

Tem batuque... Tem magia... Tem axé!
O poder que contagia... Quem tem fé!
Na ginga do corpo... Emana alegria
Desperta toda energia!


E como vou expressar a segunda estrofe? Que palavra devo usar? Encantadora, simplesmente, encantadora. A melodia desta parte seduz nossos ouvidos a querer ouvir mais e mais. A melodia que sai do segundo refrão entra em completa sintonia com a segunda parte do samba. A letra é de uma beleza, revelando o tambor e a tradição, o seu fascínio e sua festa, envolvendo a todos a ouvir as batidas desse maravilhoso instrumento.

No folclore a herança
No canto, na dança... É festa... É popular!


Seu ritmo encanta, envolve, levanta...
E o povo quer dançar!

O final é para fechar com chave de ouro: a melodia prepara-se para retornar ao refrão principal transmitindo muita vibração. A letra consagra-se e mostra o papel do tambor na sociedade. Uma samba muito bom. Se eu tivesse que escolher uma palavra para definir este samba, o chamaria de paradoxo, afinal, trata-se de um samba leve, porém forte; rico, porém suave; não abusou de palavras muito pesadas e concretas de mais para uma doce poesia. Simplesmente transmite a sensação que sentimos ao ouvir a batida de um tambor.

É de lata, é da comunidade,
Batidas que fascinam
Esperança... Social, transforma... Ensina! 

Ao mundo seu um toque especial
É show... É samba... É carnaval!



E com este samba primoroso que rendeu aos salgueirenses o título do carnaval carioca em 2009, a Acadêmicos do Salgueiro é a segunda colocada na nossa lista de Melhor Samba da Década.













quinta-feira, 2 de junho de 2011

De vermelho e branco amor... vou sambar


Fascinante! Esta é a primeira palavra que vem a minha cabeça em relação ao samba enredo de 2006 da Unidos do Viradouro. Um carnaval espetacular, completo e por que não, ousado, brilhante, inovador. Essas foram algumas das características que a escola apresentou neste ano. Todo seu desfile foi marcado de surpresas: da comissão de frente a sua última alegoria, a Viradouro mostrou que era capaz sim de brigar pelo título. Dona do melhor samba enredo daquele ano, não só impressionou com tamanha grandeza, como também emocionou o público com um enredo tão fascinante contando a história do Brasil a partir de sua arquitetura.

De vermelho e branco, amor, vou sambar
Seja onde for, terra, céu e mar
De braços abertos, que emoção
A Viradouro mora no meu coração

Quanto amor ao pavilhão em seu refrão principal. Waldeir Melodia, Dadinho, Evaldo, Tamiro e Peralta, compositores desse samba primoroso, enalteceram muito bem a escola e o enredo logo no refrão. Tão genial quanto forte: este refrão tem uma força muito vibrante e envolvente. Para abrir o samba de qualquer escola de samba, nada melhor do que um refrão que exalte o amor a escola e seu enredo e, principalmente, que envolva os componentes para que não se canse de cantar. Uma poesia maravilhosa que contou a História do Brasil desde seu “descobrimento” até a modernidade; explorou a miscigenação das raças e suas contribuições para a arquitetura do Brasil; os índios e sua relação com a natureza; o homem branco e a cultura barroca; o negro e sua triste morada, a senzala, enfim, a Viradouro “tocou” nesses aspectos com muito louvor e sutileza, explorando os aspectos do enredo em seu samba enredo.

Brasil! Terra de encantos mil!
Em que a miscigenação
Alterando os conceitos incentiva a criação

 


Vindos de além-mar, não poderiam imaginar
Quanta beleza, a natureza
P'ros nativos era um lar
Nas obras de pedra-sabão
Barroco, fé e devoção
Nas senzalas, eu vi brotar
A nova raça brasileira



A letra traduzia muito bem o enredo, o samba é muito completo. Uma letra bem construída, harmoniosa, sem erros que comprometessem o andamento harmônico da escola em desfile. A primeira estrofe cumpriu o papel de mostrar a formação da cultura arquitetônica que se conformou no Brasil a partir do choque cultural acontecido entre as raças. Sua melodia não cometeu erros ao entrar no segundo refrão, o acompanhamento da melodia não perdeu o compasso musical de ligação dos mesmos. Há de se reconhecer que este samba tem uma estrutura bem construída, não há falhas na melodia.

Com a moda de Paris
A burguesia faz seu carnaval
Resiste, reluz o samba
E o artista arquiteta o visual


O refrão do meio é o momento de transição. A incorporação de estilos arquitetônicos estrangeiros no Brasil. A arquitetura se transforma e o samba lembra isso muito bem, de forma lúdica e didática. O urbanismo cresce em conjunto com o aumento da população: prédios, edifícios, casas, favelas. É com sutileza e primazia que o samba perpassa por esses aspectos, alertando a necessidade da humanidade mudar seu comportamento perante a natureza. O brilhantismo poético usado nessa parte do samba é singular. A melodia e a interpretação de Dominguinhos do Estácio transmitem esse alerta até explodir no “Favela! Oh! Favela! O teu passado me faz lembrar/ Dos tempos em que a noite estrelada/ Salpicava a morada. Tão bonito, quanto envolvente.

Chega de ver tanto sonho desabar
A humanidade pode mudar!
Favela! Oh! Favela! 

 
O teu passado me faz lembrar
Dos tempos em que a noite estrelada
Salpicava a morada


Depois de falar da conformação da arquitetura brasileira, a Viradouro homenageou um dos mais conhecidos arquitetos do Brasil: Oscar Niemeyer. Lembrou as principais criações desse artista como Brasília e o Museu de Arte Contemporânea do Rio de Janeiro. A letra e a melodia consagram-se. O samba e seus desenhos melódicos fizeram o samba crescer na avenida. Sem nem um pecado, a melodia e a letra da Unidos do Viradouro em 2006 formou um grandioso samba que contou a História da arquitetura no Brasil. Um desfile rico, luxuoso, didático; mexeu com os sentidos dos foliões e componentes da escola. Fez o público cantar e vibrar com a bateria de mestre Ciça e suas paradinhas.  Brilhou, encantou, e conquistou o terceiro lugar, que foi contestado por toda a diretoria e integrantes da escola.

Obrigado, meu Senhor, por ter iluminado
A mente desse homem pelo mundo consagrado
Que fez cidade sem igual
Museu como nave espacial

Arquitetando folias
Na apoteose, sou o astro principal








E com este belíssimo samba enredo, a Unidos do Viradouro é a terceira colocada na nossa lista de Melhor Samba da Década.



quarta-feira, 1 de junho de 2011

Eu vou embarcar... na Estação Primeira


Com o enredo “Mangueira redescobre a Estrada Real... E deste eldorado faz seu carnaval” a Estação Primeira de Mangueira vinha mais uma vez com garra para levar o título de 2004. A escola que em 2002 foi a grande campeã e no ano seguinte vice-campeã, queria mostrar que tinha vontade de levar o campeonato com muita humildade, porém com muito luxo nas tradicionais cores de seu pavilhão, o verde e o rosa. A escola estava mordida como o vice-campeonato de 2003, segundo as especulações que ocorriam na época, a Mangueira seria campeã, mas quem teve motivos de alegria neste ano foi a Beija-flor de Nilópolis que não era campeã desde 1998. A Mangueira estava muito luxuosa e didática, era muito fácil acompanhar o enredo a partir de suas alegorias que causavam o delírio dos espectadores, como também de seu samba enredo que fez a toda Sapucaí cantar com muito amor.

Eu vou embarcar...
Na estação primeira,
Tesouro do samba, minha paixão,
Ê, trem bão!” 

O primeiro refrão já mostrava esta força: muito fácil de ser cantado, o samba logo pegou na “boca do povo”, contagiando cada integrante da Mangueira sem perder a melodia e seus compassos. Aliás, é esta facilidade que faz com que o samba seja lembrado para sempre. Os compositores Cadu, Gabriel, Almyr e Guilherme, mereceram e merecem todo carinho e aplausos, pois se trata de uma obra-prima: este samba da Mangueira continuava dando passos para a melhor fase de sambas da escola, com melodias mais elaboradas, mais vibrantes, que contagiem os mangueirenses, mas também o público que é apaixonado por samba enredo; foram eles quem escreveu o samba de 2002, “Brasil com z é pra cabra da peste, Brasil com s é Nação do Nordeste”, que rendeu o campeonato a nação mangueirense.

Mangueira,
Um brilho seduziu o meu olhar,
Me fez encontrar
A estrada do sonho,
“real” desejo de poder e ambição”

As trilhas, bordadas em ouro,
Levaram tesouros, a caminho do mar. (teu chão)
Teu chão é um retrato da história
E o tempo não pôde apagar
Hoje descubro a beleza
Que faz a riqueza voltar


Sensacional é a primeira estrofe: com muito requinte, os compositores trouxeram o enredo com leveza e encanto, poesia rica e clara evidenciando os aspectos que Max Lopes pensou ao retratar o enredo na avenida. Todo seu desfile foi de fácil acompanhamento, quem assistia direto da Sapucaí via a história do passado sendo retratada “ao vivo e a cores”, tão luxuosa quanto didática e ao som de um samba enredo empolgante, não teve quem não se impressionasse com a apresentação da Mangueira: a criança, aprendeu a história sem precisar está na escola; o adulto, relembrava os seus tempos de escolas; e o idoso, no baú de suas memórias, lembrava com carinho dos tempos passados. Todos divertindo-se ao som da bateria Surdo Um.

Por belos recantos andei,
Das suas águas provei,
De mansinho eu peço passagem,
A Mangueira vai seguir viagem

Um refrão do meio esplendoroso que exaltava os cantos e recantos de Minas Gerais levantava a emoção dos componentes. A melodia era realmente contagiante. Jamelão fazia sua parte arrebentando, dando um show de interpretação e suingue incomparáveis, voz jamais inconfundível que fazia toda diferença para a Mangueira.  

Que tempero bom...
Pode avisar que a comida está na mesa.
Se a pinga não "pegar"
Eu chego ao rio com certeza

Sem deixar de falar da culinária e da famosa cachaça mineira, o samba embalado de ternura e simplicidade, refletia as memória e estórias de Minas Gerais com muita veracidade. Sem falar na atuação brilhante dessa segunda parte da melodia que não caía em momento algum à mesma empolgação da primeira. Um samba realmente completo.

“Na arte, eu vi obras que o gênio esculpiu,
Igrejas, o barroco emoldura o Brasil,
Ó Minas, 

És um berço de cultura, és raiz,
Que brilha forte em verde e rosa,
Herança e patrimônio de um país”


Na parte final o samba encerra teu show: a melodia entra num compasso simples, gostoso de ouvir e, aos poucos, vai vibrando, evoluindo, até explodir no refrão principal, dando força para continuar na melodia forte da primeira parte do samba, isto é, o samba não comete se quer erros melódicos, não perde a linha. O samba enredo da Mangueira traduziu a sua viagem, todos nós embarcamos na Maria-fumaça mineira nas cores verde e rosa e conhecemos um pouco mais deste maravilhoso estado que é Minas Gerais.


E com este lindo samba que rendeu aos mangueirenses a terceira colocação em 2004, a Estação Primeira de Mangueira e seu samba gravado na memória do carnaval desta década ficou com o quarto lugar na nossa lista de Melhor Samba da década.











terça-feira, 31 de maio de 2011

Sou Grande Rio amor... Amazonense



"Amazonas, o Eldorado é aqui" foi o enredo que a Grande Rio levou para a Marquês de Sapucaí em 2006. A escola de Duque de Caxias que vinha de uma completa ascensão, sendo a terceira colocada em 2003 e 2005, realizou um grande carnaval como já vinha apresentando e foi a vice-campeã de 2006. Toda sua pompa e imponência com um enredo que já foi muito explorado, o seu destaque se fez pelo canto de seus componentes que cantaram o samba com muito vigor e alegria, fazendo uma festa para toda agremiação, colaborando para tentar conquistar o título tão sonhado.

   

Sou grande rio... amor! amazonense
A minha floresta... tem o poder de curar
Amazonas...
Teu nome do mapa... ninguém vai tirar

Marcio das Camisas, Mariano Araújo, Gilbertinho, Professor Elísio foram os compositores desse lindo samba,  tiveram a missão de elaborar um samba enredo que fugisse de todos os sambas feitos do enredo Amazonas em outros carnavais. No primeiro refrão ocorria uma explosão do canto, a impressão que se tinha é que todos os componentes cantavam com muita força para levantar mesmo todos os setores da escola, a emoção foi transmitida sem dúvida alguma. Um samba muito forte, “para cima”, levantou a Sapucaí em pleno amanhecer e demonstrou o que a Grande Rio vinha conquistar, era um grandioso carnaval com um samba muito rico, bem elaborado e bem cantado por todos.


Uma expedição partiu
Buscando o eldorado no brasil
O homem com sua ambição matou e destruiu”

A poesia é uma das melhores de 2006. Muito rica, contando história a mais verossímil possível fundamentada dentro do enredo e do entendimento do carnavalesco Roberto Szaniecky, com um toque de simplicidade que fez toda a diferença ao ser cantado. Em 2006, muitas escolas vieram com sambas muito pesados para serem cantados, a exemplo da Beija-flor, Mocidade e da Mangueira que até certo ponto, dificultaram o canto de suas comunidades.  A Grande Rio não teve este problema. Todo seu desfile foi acompanhado de um lindo coral e ao som de uma ótima bateria, cantado e muito bem interpretado por Bruno Ribas, incendiando a Sapucaí.

Assim dizimando aldeias
Seguiu rio abaixo até encontrar... mulheres... guerreiras
Verdadeiras donas do lugar
Que foram chamadas de amazonas
Daí o nome desse rio-mar




A lenda virou história... O mundo quis conhecer
Piratas de todo lado... Pagaram pra ver
Fizeram benfeitorias... Lutaram pra conquistar
E o bandeirante veio pra colonizar...


Mesmo com o refrão do meio um pouco extenso que, para alguns críticos do samba prejudicava a andamento linear do samba, para mim era o momento de transição da emoção dos componentes que atuavam como atores e intérpretes do samba: no refrão inicial, explodem de emoção;  na primeira estrofe começam a contar a história com ternura; no refrão do meio, cantam como se fossem historiadores e, no final, refletem a luta, a dor e as glórias conquistadas pelo povo amazonense.

A luta... desse povo continua sem parar
Vem do tempo das missões no Solimões e do Forte São José
Levaram riquezas em nome da fé
O ouro e a borracha... Quem é que não quer?


"No maior estado do país
Nasceu um teatro, o povo aplaudiu
E a nossa capital é internacional...
Viva o nosso pólo industrial!!!!
Chegou a hora do Brasil gritar com todo gás
Deixem o meu Eldorado em paz!!!"

Para finalizar esta obra prima, o andamento do samba não cai em momento algum e a Grande Rio deu o seu recado, cantou e explorou o seu enredo, empolgou, emocionou, brilhou com todo o seu luxo e riqueza, mas só conquistou o vice-campeonato, lugar que nunca havia conquistado desde que entrou para o grupo especial em 1993.
E com este maravilhoso samba enredo, a Grande Rio é a quinta colocada na nossa lista de melhor samba enredo da década.













segunda-feira, 30 de maio de 2011

São Paulo: enredos 2012





As escolas de samba de São Paulo já comeram os preparativos para o carnaval de 2012. Alguns títulos de enredos já foram divulgados, outros estão sendo estudados e o SQI também está esquentando os tamborins para fazer a melhor divulgação das sinopses assim que forem divulgadas oficialmente. O momento agora é de estudo e concentração para fazer o melhor carnaval uma vez que, as escolas paulistanas estão cada vez mais disputando o primeiro e tão sonhado lugar. Enquanto as sinopses não chegam, eis abaixo a lista com as escolas que já definiram seus respectivos enredos.

“Ojuobá - No Céu, os Olhos do Rei... Na Terra, a Morada dos Milagres... No Coração, Um Obá Muito Amado!”

“Mulheres que Brilham”

“Pelas Mãos Do Mensageiro Do Axé a Lição De Odú Obará: A Humildade”


    Por enquanto estes enredos já podemos postar, mas estamos trabalhando muito para receber com exclusividade novos enredos do grupo especial e para o grupo de acesso criaremos uma lista assim que todos os enredos já estiverem sido lançados. Lembro a todos que não esquecemos de exibir a lista de melhor Samba Enredo da década de São Paulo, ainda estamos fechando a lista do rio de Janeiro para poder darmos início aos sambas de Sampa também. Outra novidade do nosso blog é a coluna Homenagem que estreará em Junho. Nesta coluna iremos homenagear grandes nomes e ícones das escolas de samba de Rio e de São Paulo. Como blogueiro e sambista, temos o dever de reverenciar estes ídolos do nosso carnaval.