Com o enredo “Mangueira redescobre a Estrada Real... E
deste eldorado faz seu carnaval” a Estação Primeira de Mangueira vinha mais
uma vez com garra para levar o título de 2004. A escola que em 2002 foi a
grande campeã e no ano seguinte vice-campeã, queria mostrar que tinha vontade
de levar o campeonato com muita humildade, porém com muito luxo nas
tradicionais cores de seu pavilhão, o verde e o rosa. A escola estava mordida
como o vice-campeonato de 2003, segundo as especulações que ocorriam na época, a
Mangueira seria campeã, mas quem teve motivos de alegria neste ano foi a
Beija-flor de Nilópolis que não era campeã desde 1998. A Mangueira estava muito
luxuosa e didática, era muito fácil acompanhar o enredo a partir de suas
alegorias que causavam o delírio dos espectadores, como também de seu samba enredo
que fez a toda Sapucaí cantar com muito amor.
“Eu vou
embarcar...
Na estação
primeira,
Tesouro do
samba, minha paixão,
Ê, trem bão!”
O primeiro refrão já mostrava esta força: muito
fácil de ser cantado, o samba logo pegou na “boca do povo”, contagiando cada
integrante da Mangueira sem perder a melodia e seus compassos. Aliás, é esta
facilidade que faz com que o samba seja lembrado para sempre. Os compositores Cadu,
Gabriel, Almyr e Guilherme, mereceram e merecem todo carinho e aplausos, pois se
trata de uma obra-prima: este samba da Mangueira continuava dando passos para a
melhor fase de sambas da escola, com melodias mais elaboradas, mais vibrantes,
que contagiem os mangueirenses, mas também o público que é apaixonado por samba
enredo; foram eles quem escreveu o samba de 2002, “Brasil com z é pra cabra da peste, Brasil com s é Nação do Nordeste”,
que rendeu o campeonato a nação mangueirense.
“Mangueira,
Um brilho
seduziu o meu olhar,
Me fez
encontrar
A estrada do
sonho,
“real”
desejo de poder e ambição”
“As trilhas,
bordadas em ouro,
Levaram
tesouros, a caminho do mar. (teu chão)
Teu chão é
um retrato da história
E o tempo
não pôde apagar
Hoje
descubro a beleza
Que faz a
riqueza voltar”
Sensacional é a primeira estrofe: com muito
requinte, os compositores trouxeram o enredo com leveza e encanto, poesia rica
e clara evidenciando os aspectos que Max Lopes pensou ao retratar o enredo na
avenida. Todo seu desfile foi de fácil acompanhamento, quem assistia direto da
Sapucaí via a história do passado sendo retratada “ao vivo e a cores”, tão
luxuosa quanto didática e ao som de um samba enredo empolgante, não teve quem
não se impressionasse com a apresentação da Mangueira: a criança, aprendeu a
história sem precisar está na escola; o adulto, relembrava os seus tempos de
escolas; e o idoso, no baú de suas memórias, lembrava com carinho dos tempos
passados. Todos divertindo-se ao som da bateria Surdo Um.
“Por belos
recantos andei,
Das suas
águas provei,
De mansinho
eu peço passagem,
A Mangueira
vai seguir viagem”
Um refrão do meio esplendoroso que exaltava os
cantos e recantos de Minas Gerais levantava a emoção dos componentes. A melodia
era realmente contagiante. Jamelão fazia sua parte arrebentando, dando um show
de interpretação e suingue incomparáveis, voz jamais inconfundível que fazia
toda diferença para a Mangueira.
“Que tempero
bom...
Pode avisar
que a comida está na mesa.
Se a pinga
não "pegar"
Eu chego ao
rio com certeza”
Sem deixar de falar da culinária e da famosa cachaça
mineira, o samba embalado de ternura e simplicidade, refletia as memória e
estórias de Minas Gerais com muita veracidade. Sem falar na atuação brilhante
dessa segunda parte da melodia que não caía em momento algum à mesma empolgação
da primeira. Um samba realmente completo.
“Na arte, eu vi obras que o gênio esculpiu,
Igrejas, o barroco emoldura o Brasil,
Ó Minas,
És um berço
de cultura, és raiz,
Que brilha
forte em verde e rosa,
Herança e
patrimônio de um país”
Na parte final o samba encerra teu show: a melodia
entra num compasso simples, gostoso de ouvir e, aos poucos, vai vibrando,
evoluindo, até explodir no refrão principal, dando força para continuar na
melodia forte da primeira parte do samba, isto é, o samba não comete se quer
erros melódicos, não perde a linha. O samba enredo da Mangueira traduziu a sua
viagem, todos nós embarcamos na Maria-fumaça mineira nas cores verde e rosa e
conhecemos um pouco mais deste maravilhoso estado que é Minas Gerais.
E com este lindo samba que rendeu aos mangueirenses a terceira colocação em 2004, a Estação Primeira de Mangueira e seu samba gravado na memória do carnaval desta década ficou com o quarto lugar na nossa lista de Melhor Samba da década.
Fontes: http://www.estacaoprimeira.org/ http://liesa.globo.com/ http://nemvem-quenaotem.blogspot.com http://www.mangueira.com.br/ http://letras.terra.com.br/
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