Áfricas: do berço real a corte brasiliana foi o enredo levado pela Beija-flor de Nilópolis no ano de 2007, ano no qual a escola foi a grande campeã. Com muito luxo e uma estética plástica muito bem elaborada, o enredo desenvolvido que, para alguns já foi muito trabalhado, inclusive neste mesmo ano Acadêmicos do Salgueiro e Unidos do Porto da Pedra também tiveram com enredo aspectos da África como Candaçes e África do Sul, respectivamente, a proposta "Áfricas" que a Beija-flor levou a Marquês de Sapucaí fora totalmente diferente de tudo.
Desde a impactante comissão de frente até o final de sua bela apresentação, a Beija-flor que, foi a última escola a desfilar na segunda noite de desfiles, levantou as arquibancadas com seu grande samba enredo. Bem aceitados por uns, mal interpretados por outros, o fato é que o samba de autoria de Cláudio Russo, J. Velloso, Gilson Dr., Carlinhos do Detran empolgou o folião presente e garantiu a vitória. É verdade que o samba possuía um grau de dificuldade imenso, uma vez que sua melodia era parcialmente cantada em tons graves, principalmente na primeira estrofe da letra, mas o coro de seus componentes realizou esta tarefa que não prejudicou em momento alguma a harmonia da escola. Uma letra bem construída "poeticamente" falando que cumpriu com as histórias levantadas pela sinopse do enredo, exaltando as Áfricas como também o Rio de Janeiro - Gamboa, a pequena África.
"África: o baobá da vida ilê ifé
Áfricas: realidade e realeza, axé"
Um samba tão elaborado que não deixou dúvidas de sua força ao ser cantado. Já era esperado que a Beija-flor viesse como muita sede de vitória uma que, as águas de Poços de Caldas, enredo de 2006, rendeu apenas o quinto lugar. Entretanto o samba enredo deu um show na avenida com toda sua clareza e a fácil compreensão do andamento do desfile, proporcionaram um grande espetáculo.
"É Jeje, é Jeje, é Querebentã
A luz que bem de Daomé, reino de Dan
Arte e cultura, Casa da Mina
Quanta bravura, negra divina"
Depois de mostrar seu grande espetáculo no cenário da Sapucaí, a Beija-flor exaltou Tia Ciata e a negritude, sua cultura, suas lendas, suas histórias, sua religiosidade, mas também deixou o seu alerta para humanidade e exigiu o perdão a um continente tão rico e bonito, por vezes explorado, por vezes esquecido.
"Agoyê, o mundo deve o perdão
A quem sangrou pela história
Áfricas de lutas e de glórias"
E, com este grandioso samba enredo que rendeu o campeonato de 2007, a Beija-flor conquistou o sétimo lugar na nossa lista de melhor samba enredo da década.