terça-feira, 9 de agosto de 2011

"Samba não tem preconceito"

"Samba não tem preconceito", dizia os primeiros versos do samba da Vila Isabel de 2007. Mas por que a sociedade não o leva a sério? Menospreza-o e se mascara de hipocrisia, dizendo: - carnaval, a melhor festa do ano. Verdade. Trata-se da mais sincera verdade, mas quem diz isso, pensa que samba é só o carnaval, e ninguém fala do samba de raiz, do samba de roda, do Fundo de Quintal, das festas de domingo na casa de D. Rosa e de seu Tadeu. Do samba na laje de seu Bernardo, no Canta Galo; na Rocinha, na Mangueira, no Salgueiro, em Madureira, na Serrinha. Não! Ninguém fala. E fala menos ainda no samba lá da Casa Verde; de Itaquera, de Heliópolis; no Limão; da Rua Zilda; da Bela Vista; de São Carlos; do Tatuapé; na Parada Inglesa ou em qualquer lugar deste país. Não! A voz da notícia se cala. Os tambores e o canto chamam e o público cai de alegria; "o samba que desce a ladeira", dizia o samba da Leandro em 2009, porém, quando é que o asfalto vai subir a ladeira e prestigiar o samba em sua origem? É certo que isso vem mudando, mas o preconceito para com o samba ainda é vigente. A comunidade abraça com toda sua garra o povo, o visitante, faz sua alegria, mas muitas vezes não tem retorno. Porém o samba, fiel cavalheiro, do alto de sua nobreza e educação, bom gosto, e trato fino, sempre abriga mais um em teu seio, faz sorrir e faz chorar, e não desanima, erguendo a cabeça, dando a volta por cima. É preciso valorizar, afinal, o samba não é preconceituoso, mas a elite que se firmou no Brasil e abusou da força de seus filhos biológico e adotivos, não perdoa, até hoje, a manifestação da cultura afro-brasileira.

Por: Rodrigo S. Santos
Produtor e Redator Final do Blog SQI.

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