A Mocidade Alegre lançou a sinopse do enredo do
carnaval de 2012: “Ojuobá... No céu, os olhos do Rei... Na Terra, a Morada dos
Milagres... No Coração um Obá muito amado”. E o blog SQI disponibiliza a
sinopse e o desenvolvimento do enredo através dos setores pra vocês. Confiram:
Sinopse do Enredo
Sob a luz do carnaval, o G.R.C.E.S. Mocidade Alegre
pede agô às forças celestiais para mostrar, em forma de poesia, não um resgate,
mas sim a plenitude de seu orgulho de ser descendente da cultura
afro-brasileira.
Para tanto mostraremos em desfile, através da obra
predileta de Jorge Amado – Tenda dos Milagres
– um viés da tradição dos Ojuobás, os representantes de Xangô que buscam a
justiça na Terra.
Rufem os tambores... Que se cumpra a profecia de
Ifá para o mundo novo: nascer, crescer e se misturar!
Axé, Morada do Samba!
No Céu, os Olhos do Rei...
- Kaô, meu pai... Justiça, meu
pai Xangô! Justiça aos teus filhos, tirados do seio da Mãe África e levados a
força para esta terra distante!
Olhando para o céu, com a fé ardente de quem conhece o axé, assim
clamou um Ojuobá – os
“Olhos do Rei”, evocando Xangô... Orixá da justiça... Senhor do
fogo... Rei dos raios e dos trovões... Guardião da verdade!
- Venha, meu pai... Venha olhar por teus filhos, feitos escravos e
sedentos da tua justiça e da tua verdade!
Num gesto de amor e proteção ao seu povo, Xangô
apontou seu oxé em direção a uma terra virtuosa e selvagem, faceira e
promissora, repousada do outro lado do mar de Yemanjá, a sua mãe. Xangô ordenou
paz e liberdade ao seu povo, o povo negro...
Afinal, não poderia haver injustiça...
Não nesta terra de todos os deuses, de todos os santos, de todas as
raças...
E assim se fez... Pelas armas de Xangô, finalmente
o negro é livre... Liberdade ao povo do Rei de Oyó!
Bradou orgulhoso e triunfante o Ojuobá, com a força
dos vitoriosos:
Kaô, Xangô...
Kaô, meu pai...
Kaô Kabecile!
Na Terra, a Morada dos Milagres...
Foram-se os grilhões... Ficou o preconceito! De que
adianta a liberdade, sem a igualdade? Mais uma vez um Ojuobá rende seu clamor a
Xangô, pedindo a igualdade de valor para um povo mestiço, que é resultado de
mistura de raças e de fé, que encontrou no Brasil um braço forte e na Bahia o
seu recanto. E, mais do que nunca, a gente mestiça se vê desejosa de livrar-se
das amarras do preconceito.
E assim, Xangô age em defesa do seu povo ao guiar a
mente de um escritor que fez de sua obra uma grande exaltação a mestiçagem, à
tradição popular e a cultura negra. Seu nome: Jorge Amado!Em suas obras, Amado
nos apresenta uma Bahia de pele morena. Uma gente que faz das ruas de São
Salvador o palco onde desfilam mistérios que só se encontram naquele pedaço da
África no Brasil. De onde vêm esses mistérios, ninguém sabe. Dos batuques do
candomblé? Dos saveiros do cais? Das igrejas? Do mercado? O literato da alma
brasileira recomenda que não se tente decifrar os segredos da cidade, pois seus
mistérios envolvem por completo o corpo, a alma e o coração dos baianos. Amado
nos apresenta uma baianidade singular e exótica, com docilidade, ritmo,
sensualidade, feitiço, afetividade, capoeira e, claro, o candomblé.
Mas foi cumprindo os desígnios de Xangô, justiceiro
do povo negro e mestiço, que Jorge Amado escreveu aquela que se tornaria sua
obra predileta: Tenda dos Milagres!
Tenda dos Milagres é uma gráfica localizada no Pelourinho, lugar onde
um certo negro, amigo de um Ojuobá, pintava milagres católicos por encomenda.
Porém, o local era também palco de candomblé e da capoeira de Angola. O livro é
um grito pela justiça social e pela igualdade contra o preconceito racial e
religioso. Abriu caminhos e quebrou preconceitos. Tem por base o orgulho pela
miscigenação, responsável pelo surgimento da verdadeira “cor do Brasil”, nos deixando
uma importante mensagem: Há de nascer... Há de crescer... E há de se misturar!
A obra também pode ser considerada a perfeita
tradução da alma do povo brasileiro através da Bahia de Jorge Amado, com sua
gente e seus deuses quase humanos. Uma Bahia acima de tudo sincrética, povoada
por negros, mulatos e brancos que se ajoelham nas igrejas e dançam nos terreiros,
com a mesma devoção e total sinceridade.
O sincretismo na Bahia não é questão de raça ou de
fé, mas sim um traço cultural, como podemos observar na associação entre orixás
do candomblé e santos católicos. Mas é nas ladeiras de São Salvador, onde
comidas típicas de origem africana preparadas pelas mães-de-santo, respeitadas
tias quituteiras, são servidas no dia da lavagem da igreja de Nosso Senhor do
Bonfim, das homenagens a Iemanjá e a Nossa Senhora dos Navegantes, entre outras
manifestações culturais e religiosas, como o Afoxé e a Corte do Congo, que
consagram a cultura negra e o encontro do sagrado e do profano na Bahia de
Todos os Santos.
Ê Bahia faceira... Pedaço da África no Brasil... Seu axé ganhou o
mundo... Pelo talento de Jorge Amado a justiça de Xangô está feita!
No Coração, Um Obá Muito Amado!
Jorge Amado fez o mundo olhar o Brasil com mais admiração e respeito,
ao retratar em suas obras um povo mestiço, alegre, festeiro e sensual. Foi quem
melhor contou as histórias do povo negro da Bahia através de seus inesquecíveis
personagens libertários e místicos, que transitaram com liberdade entre mundo o
real e o imaginário. A partir dele não podemos mais pensar em nosso país sem as
cores e o sensualismo, a mestiçagem e o sincretismo, a fibra e a alegria que
inspiraram e deram identidade às suas obras imortais.
E como consagração a quem tanto fez e amou a “Raça
Brasileira”, Amado recebeu o título de Obá de Xangô pelas mãos de Mãe Senhora
no Ilé Axé Opô Afonjá – terreiro dedicado ao orixá da justiça, da verdade, dos
raios e dos trovões –, ocupando uma das doze cadeiras do conselho do Rei de
Oyó, uma das mais altas condecorações do candomblé, Rufem os tambores da Bahia
em consagração ao "Obá muito Amado"!
E assim, sempre que houver injustiça, haverá também
um Ojuobá – Os “Olhos do Rei” – a invocar
Xangô que, pela força das suas armas ou pela inspiração do seu axé, fará
justiça e cobrirá de verdade o seu povo... Povo que veio da África e contribuiu
definitivamente para a formação da identidade da alma brasileira... Um povo
cada vez mais destinado a “nascer, crescer... se misturar”, e ser muito
feliz!Obá Amado, a Morada do Samba, em nome de toda a Nação Brasileira,
agradece a você por sua obra, por defender essa raça da qual nos orgulhamos de
fazer parte e continuaremos defendendo, com as armas de Xangô!
Kaô, meu pai...
Kaô Kabecile!
Axé!
Aos Compositores:
Que Xangô derrame seu axé sobre as suas mentes e
inspire as suas criações, nos brindando com obras que honrem e orgulhem a
cultura africana no Brasil... Muita luz e paz a todos... Boa sorte!!!
Sidnei França e Departamento Cultural
G.R.C.E.S. Mocidade Alegre - A "Morada do Samba" - 31 de
Maio de 2011
Ficha Técnica – Enredo 2012
Presidente
Solange Cruz Bichara Rezende
Supervisão
Geral
Direção de Carnaval
(Solange Cruz Bichara Rezende,
Marcos Rezende, Érica Ferreira, Ricardo Sonzin, Sidnei França,
Edson Oliveira, Vanderley Silva, Eduardo Reck, Ariane Camilla e Fábio
Carromeu)
Autoria
do Enredo
Sidnei França
Pesquisa
e Desenvolvimento
Departamento Cultural
(Sidnei França, Ricardo Sonzin, Fábio Cavicchio Parra, Vinícius
Martins, Sheila Falcão e Geórgia do Prado)
Logomarca
Everton Morgado Xavier
Criação
e Execução
Carnavalescos
(Sidnei França e Márcio Gonçalves)
Desenvolvimento do Enredo
Setor
1
Ojuobá... Os Olhos do Rei – Evocação a Xangô!
Setor
2
Dos Braços de Yemanjá às Ladeiras da Lendária Bahia... O Negro é
Livre!
Setor
3
Na “Tenda dos Milagres” um Grito de Justiça e Igualdade
Setor
4
O Afoxé e a Corte do Congo – O Encontro do Sagrado e do Profano na
Bahia de Todos os Santos
Setor
5
Obá de Xangô Pelas Mãos de Mãe Senhora... Um Obá Muito Amado!
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